A recente atualização da NR1, norma regulamentadora que trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, abriu uma nova e promissora frente de atuação para psicólogos. Com a ampliação do olhar sobre saúde mental e bem-estar nas empresas, agora é possível oferecer serviços também dentro do contexto corporativo.

Para falar sobre o tema, a Tivita conversou com a psicóloga Camila Teodoro, fundadora do ICATEPSI, referência no grande ABC e cliente da Tivita desde 2024, instituto que capacita profissionais da área. Segundo ela, essa mudança representa uma grande oportunidade para aqueles que querem sair das quatro paredes da clínica e também equilibrar a rotina, atendendo menos pacientes individuais.

“Psicólogas podem diminuir muito sua carga de trabalho em relação aos atendimentos clínicos para investir nessas ações, que é um trabalho muito promissor e traz muito resultado se você souber fazer de forma contínua, oferecer um projeto a longo prazo para as empresas”, diz.

Voltando no tempo, Camila relembra que até 2022 o burnout não estava incluído no rol de doenças ocupacionais. Fator que certamente contribuiu para o maior número em dez anos de afastamentos pelo INSS por problemas de saúde mental, como revelou um levantamento do Ministério da Previdência Social divulgado ainda neste ano.

Agora, a questão se aprofunda ainda mais, pois não se trata de somente de promover um ambiente de trabalho saudável por espontânea vontade, mas de obedecer à Lei. “Então, as empresas demonstram interesse crescente de incluir no planejamento ações que incluam isso melhor nos programas internos, e estão investindo cada vez mais na capacitação dos gestores para lidar com essas questões”, destaca.

Tendo isso em mente, ela sugere quais devem ser os três pilares para oferecer este tipo de serviço:

1. realizar um diagnóstico do ambiente, 

2. redigir relatórios técnicos, e

3. apresentar uma proposta de intervenção.

Na prática, as psicólogas precisam, primeiro, fazer uma pesquisa com os colaboradores para avaliar como se dão as relações no ambiente de trabalho e quais os impactos da cultura corporativa do local.

Depois, elaborar um relatório apontando quais pontos são nocivos para a saúde mental dos colabores e, por fim, entregar um plano de ação, abordando quais melhorias devem ser feitas e como serão implementadas.

A atualização da NR-1 entrará em vigor em 26 de maio, no entanto, terá apenas caráter educativo durante um ano, para que as empresas tenham tempo de se adequar às mudanças. Nesse período, multas não serão aplicadas.

O adiamento representa uma oportunidade extra para profissionais da saúde mental se prepararem para a mudança. "Então, junto aos planejamentos que as empresas têm e também para as que não têm, a gente vai integrar e entrar em comunicação direta com o pessoal de segurança e medicina do trabalho”, afirma a psicóloga.

Contudo, Camila conta que diversas profissionais ainda se sentem inseguras em realizar essa abordagem, principalmente por acreditarem que precisam de uma pós-graduação.

“As psis precisam entender que não precisam de capacitação da área organizacional. São intervenções de grupo em áreas específicas, como ansiedade e burnout no trabalho. Nós já sabemos fazer isso, nossa graduação já nos prepara para isso”, afirma. 

E ela finaliza lembrando que o maior diferencial da sua profissão é, justamente, a escuta qualificada e integração dos conhecimentos técnicos, no trato humano.

“Se o objetivo for tornar a força de trabalho mais saudável, reduzindo absenteísmo, funcionários com maior desempenho, temos muito trabalho a fazer. E também as empresas querem performance. E colaboradores que estão bem performam melhor."

Abaixo, veja a entrevista completa: